terça-feira, 26 de outubro de 2010
havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
como eles admiravam estarem juntos!
até que tudo se transformou em não. tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. então a grande dança dos erros. o cerimonial das palavras desacertadas. ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. no entanto ele que estava ali. tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."
Clarice Lispector
"la memoria de las mujeres se parece a esas mesas antiguas que utilizan para cocer: están llenas de cajones secretos. algunos están cerrados hace mucho tiempo y no se puede abrir, otros contiene flores secas que han quedadas reducidas a polvo de rosas; otros, madejas enredadas, a veces alfileres."
Marguerite Yourcenar, Alexis o el tratado del inútil combate
domingo, 17 de outubro de 2010
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
quinta-feira, 7 de outubro de 2010
"O idela seria que a arte fosse um estado de espírito. e que não precisássemos do artista para experimentá-lo. num conceito extremo, a arte seria apenas uma forma de ver o mundo. eu caminharia pelas ruas e, durante esse passeio, o meu olhar selecionaria o que poderia me oferecer a experiência da obra de arte."
Carola Saavedra, Paisagem com Dromedário
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
"afinal, que mal há viver como todo mundo? a maior parte das pessoas não vive pensando em criar "a grande obra, ou em ter "a idéia genial". por que teríamos que ser diferentes? hoje, conversando co Pilar e Carmen, não sei, havia nelas uma força que eu nunca senti em mim, uma força das coisas do mundo, do cotidiano."
Carola Savedra, Paisagem com Dromedálio
terça-feira, 5 de outubro de 2010
"como quando você assite a um filme, você sabe que tudo é mentira, fingimento, mas mesmo assim você sente medo e tristeza e alegria o que for. por que será que a gente, mesmo sabendo que é ilusão, na hora de sentir sente de verdade? será apenas catarse? ou será uma necessidade muito forte e muito profunda, de viver algo especial? a necessidade dos grandes sentimentos, amor, ódio, honra, bravura.
Carola Saavedra, Paisagem com dromedário
domingo, 3 de outubro de 2010
sábado, 2 de outubro de 2010
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