quinta-feira, 16 de dezembro de 2010


fotografia feita por minha prima Gra

"Sempre que me acontece alguma coisa importante, está ventando"
Ana Terra, Erico Verissimo

quarta-feira, 17 de novembro de 2010


Helena trança os seus e os meus cabelos,
dança vestidos e saltos da mãe,

ela canta pra mim que tudo é novo de novo.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

terça-feira, 26 de outubro de 2010


havia a levíssima embriaguez de andarem juntos, a alegria como quando se sente a garganta um pouco seca e se vê que por admiração se estava de boca entreaberta: eles respiravam de antemão o ar que estava à frente, e ter esta sede era a própria água deles.
andavam por ruas e ruas falando e rindo, falavam e riam para dar matéria peso à levíssima embriaguez que era a alegria da sede deles.
por causa de carros e pessoas, às vezes eles se tocavam, e ao toque - a sede é a graça, mas as águas são uma beleza de escuras - e ao toque brilhava o brilho da água deles, a boca ficando um pouco mais seca de admiração.
como eles admiravam estarem juntos!
até que tudo se transformou em não. tudo se transformou em não quando eles quiseram essa mesma alegria deles. então a grande dança dos erros. o cerimonial das palavras desacertadas. ele procurava e não via, ela não via que ele não vira, ela que, estava ali, no entanto. no entanto ele que estava ali. tudo errou, e havia a grande poeira das ruas, e quanto mais erravam, mais com aspereza queriam, sem um sorriso. Tudo só porque tinham prestado atenção, só porque não estavam bastante distraídos. Só porque, de súbito exigentes e duros, quiseram ter o que já tinham. tudo porque quiseram dar um nome; porque quiseram ser, eles que eram. Foram então aprender que, não se estando distraído, o telefone não toca, e é preciso sair de casa para que a carta chegue, e quando o telefone finalmente toca, o deserto da espera já cortou os fios. Tudo, tudo por não estarem mais distraídos."
Clarice Lispector

"la memoria de las mujeres se parece a esas mesas antiguas que utilizan para cocer: están llenas de cajones secretos. algunos están cerrados hace mucho tiempo y no se puede abrir, otros contiene flores secas que han quedadas reducidas a polvo de rosas; otros, madejas enredadas, a veces alfileres."
Marguerite Yourcenar, Alexis o el tratado del inútil combate

domingo, 17 de outubro de 2010


"Estamos atados por tantas ligaduras al lugar en que hemos vivido que nos parece que al alejarnos será también más fácil alejarnos de nosotros mismos."
Marguerite Yourcenar, Alexis o el tratado del inútil combate

sexta-feira, 15 de outubro de 2010


"È uno strano dolore... Morire di nostalgia per qualcosa che non vivrai mai."
Alessandro Baricco, Seda

quinta-feira, 7 de outubro de 2010


"O idela seria que a arte fosse um estado de espírito. e que não precisássemos do artista para experimentá-lo. num conceito extremo, a arte seria apenas uma forma de ver o mundo. eu caminharia pelas ruas e, durante esse passeio, o meu olhar selecionaria o que poderia me oferecer a experiência da obra de arte."
Carola Saavedra, Paisagem com Dromedário

quarta-feira, 6 de outubro de 2010


"afinal, que mal há viver como todo mundo? a maior parte das pessoas não vive pensando em criar "a grande obra, ou em ter "a idéia genial". por que teríamos que ser diferentes? hoje, conversando co Pilar e Carmen, não sei, havia nelas uma força que eu nunca senti em mim, uma força das coisas do mundo, do cotidiano."
Carola Savedra, Paisagem com Dromedálio

terça-feira, 5 de outubro de 2010


"como quando você assite a um filme, você sabe que tudo é mentira, fingimento, mas mesmo assim você sente medo e tristeza e alegria o que for. por que será que a gente, mesmo sabendo que é ilusão, na hora de sentir sente de verdade? será apenas catarse? ou será uma necessidade muito forte e muito profunda, de viver algo especial? a necessidade dos grandes sentimentos, amor, ódio, honra, bravura.
Carola Saavedra, Paisagem com dromedário

domingo, 3 de outubro de 2010


"eu tenho péssimo ouvido, você sabe. sempre tive a impressão de que todo mundo ouvia melhor do que eu. de que eu havia perdido alguma coisa."
Carola Savedra, Paisagem com dromedário

sábado, 2 de outubro de 2010


"é tão reconfortante saber que, seja como for, tudo fará sentido no final. e não esses ruídos, essa música que a gente não ouve, esse murmúrio silencioso e a constante sensação de que estamos perdendo alguma coisa."
Paisagem com dromedário, Carola Savedra

sexta-feira, 1 de outubro de 2010



dizem que só se sonha em preto e branco. mas hoje acordei no meio um sonho onde eu pensava nas cores que tenho visto.

quinta-feira, 30 de setembro de 2010


"e foste um difícil começo
afasto o que não conheço
e quem vem de outro sonho feliz de cidade
aprende depressa a chamar-te de realidade
porque és o avesso do avesso do avesso do avesso"

Sampa, Caetano

segunda-feira, 27 de setembro de 2010


aquela vida, onde foi parar?
aquele lugar, como era mesmo?
do frio, já nem me lembro mais,
só do gosto e do medo daquela liberdade.

sexta-feira, 27 de agosto de 2010


anda menina
o vôo tá saindo
o coração explodindo
e a gente toda esperando

anda menina
arruma logo essa mala
se puder, esvazia
e volta só com o que cê é

anda menina
que o sol lá tá raiando
vai ter milton cantando
teu eterno coração de estudante

já tô indo seu moço
mas calma que num tenho pressa
vô levando o coração aberto
e é bom ter cuidado pra não tropeçar

quinta-feira, 26 de agosto de 2010


hoje eu não quero me expor.
vira essa câmera pra lá.

a minha dor não te diz respeito.
me deixa, vai embora.

amanhã, quando eu tiver feliz de novo,
apareço.

nessa cidade só chove,
lá fora e aqui dentro.

o cinza do céu é mais claro que o meu.

terça-feira, 24 de agosto de 2010


"menina, amanhã de manhã quando a gente acordar, quero te dizer que a felicidade vai desabar sobre os homens, vai, desabar sobre os homens, vai, desabar sobre os homens."

Menina amanhã de manhã, Tom Zé

quarta-feira, 18 de agosto de 2010


"o que os oto sabe fazê e sabe cantá. eu num sei nem fazê, nem cantá"
frase de Tom Zé retirada do documentário "Fabricando Tom Zé".

terça-feira, 17 de agosto de 2010



tanta gente eu conheci,
tanta semente deixei pelo caminho.

é, mas amizade não é semente,
é árvore.

mesmo eu, que sou meio ímpar,
que tenho um pé,
outro acolá.
quando planto,
rezo pra raiz aí criar.

e às vezes quando olho pra trás,
fico feito boba, a admirar,
as árvores que nasceram no meu quintal.

beatrizes, simones, fernandas
às vezes elas até tem nome igual.

ai Deus do céu,
faz favor pra mim
abençoa esse meu pomar.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010



zuhjrrrmmmmm
vira o disco,
tá arranhado.

dzhunnnnrrrrnn
cê num tá escutando,
tá arranhado,
vira o disco.

vai escutar a mesma música?
mesmo arranhada, de novo?
cê já sabe de cor e salteado.
já perdeu a graça.

cê que sabe,
se não virar,
vai viver com essa paranóia no ouvido,
ghhyunnnrrrrnn

domingo, 1 de agosto de 2010



o telefone num toca,
tá tudo bem?

a caixa de e-mail tá vazia,
tá tudo bem?

a imagem do espelho não agrada,
tá tudo bem?

nem o sol aparece,
tá tudo bem?

e a comida do vizinho ainda parece muito mais saborosa,
mesmo assim,
tá tudo bem?

e não vale responder aquele tudo bem de costume que sai assim, sem querer dizer nada.

quarta-feira, 28 de julho de 2010



"Iaiá, eu li um soneto de amor, que as lágrimas que tu não chora, se escondem num rio dentro de tu."

Cumade, Céu.

sexta-feira, 16 de julho de 2010



leaving home and coming home



tá combinado o arraiá na santana.
eu quero festa, quadrilha, pé de moleque e cachorro quente.
eu quero fogueira e a benção de São João, mesmo que ele já esteja de férias, 
sei que ele não vai recusar meu convite.

eu até fui ver o Gilberto Gil num show só de baião,
pra ver se matava essa vontade que desde do último 4 de junho, tá crescendo aqui dentro de mim.
mas os moços de preto só deixavam a gente ficar sentado e quando eu consegui escapar,
era só eu, de pé, dançando.
e num era loucura não, era erupção.
mas assim não dá. 
alegria tem que ser de 2, 3, 1000, 180 milhões,
de um só, é tímida, sem graça, mesmo que seja alegria.

teve outro,
outro chamado.
uma espécie de iluminação.
ali na minha frente, a mulher mais linda do Brasil.
sei que muita gente vai discordar de mim, mas tenho um gosto esquisito mesmo.
era ela, Maria Bethânia.
seu canto me anestesiava.
durante o show, nenhuma palavra em inglês,
uma homenagem à poesia que é o português.
foram lágrimas de encher rios e junto com elas, a certeza de que é hora,
hora de ir pra casa.

que casa?
elói?
sim.
pra andar de lancha com meu pai.
pra ver minha mãe costurando.
para fotografar a beleza da Suzanne e os traços ainda meninos do Júnior.

pra ver a Tayná ensinando inglês pro Felipe,
o choro mole da Caroline e o rebolado da Ana Alice.
pra entrar na turma do quintal da Vó Zica.
será que alguém já tá grande?
helena, cê ainda é criança né?
e eu, será que eu já cresci?
será que eu ainda posso subir em árvore?
eu juro que vou tentar.
se eu cair, pelo menos sei que vou ter colo pra chorar.

pra comer o queijo da Conceição.
tomar cerveja com a Vó Oneida.
e vinho com as mininas amigas da velha infância.

São Paulo?
eu quero também, muito.
pra madurar meu lado adulto.
encontrar minha gente de lá.
procurar meus parceiros, 
começar meu caminho de pés no chão.
sei que estive voando.
ai, e que vôo foi esse que me lançou tão longe.
quanta adrenalina, quanto medo de cair.
mas do alto, eu pude ver,
eu juro que eu vi o quão pequena eu sou e ao mesmo tempo, o quão grande eu, você, todos nós podemos ser.
é só se entregar à missão.
não falo daquela grande que quase sempre custa encontrar.
falo da de cada dia.

amor, devoção e festa, me aconselhou Maria Bethânia.
fé na festa, cantou Gil.

e Ubatuba, Tiradentes, Belo Horizonte? ai, eu quero todas essas cidades que eu tanto amo e muito mais...
eu quero redescobrir o Brasil.

e o sonho de conhecer o mundo?
passou?
não.
seguirei sempre na busca do meu mundo.
mesmo que pra isso, eu tenha que estar algumas vezes fora daquele onde eu nasci.
é verdade que eu até achava que a gente pode construir um mundo próprio, onde quer que esteja, mas acho vou ter que mudar um pouco essa teoria.
o que a gente pode é levar nosso mundo pra qualquer lugar,
construir um novo? hum... acho difícil e doloroso.
eu também acreditava na existência de um mundo só, sem fronteiras.
acho que na verdade, a minha escolha por sair do Brasil, nasceu desse medo de ser bairrista, de ter uma vida medíocre enquanto existe tanto por conhecer fora da comodidade, do conforto do ninho. 
mas agora entendo que as fronteiras existem e vão além da aparência.
continuo acreditando na igualdade entre todos, mas também nas diferenças, desde que aceitas e não rejeitadas.
aquela prosa boa só dá pra ser em português.
e às vezes, quando não dá pra entender ou suportar o que tá tão fora do seu costume, talvez a melhor opção seja tomar outro rumo, não insistir.

voltando ao vôo, poderia passar horas contando histórias, mas talvez possa resumir tudo isso em um só aprendizado:
confiar em si mesmo e ter orgulho de ser o que é.

acho que é isso que tem levado o Brasil pra frente.
esse jeito de contar causos só pra fazer rir, de consertar a pia, o rádio, o chuveiro, de dar nó na sacola rasgada.
de fazer mixido com o que o resto do almoço, pedir açúcar pro vizinho e agradecer com um pedaço do bolo pronto.
a gente rebola, dribla, xinga, faz de tudo pra fazer gol,
pra depois passar o resto do jogo comemorando.
e se o outro time vira, pode ser que no meio da festa a gente nem perceba.
é ficar com a metade do copo cheio e não se lamentar pela parte vazia.

de longe, eu vi melhor, vi mais amplo e a distância fez com que as mensagens chegassem de golpe, assim:

na Bienal de Artes em Veneza, quando entrei no Pavilhão do Brasil, tudo eram cores ao contrário de outros onde o que havía eram resquícios negros da guerra.

em Paris, na estréia do festival de cinema brasileiro, a confusão era coisa de Brasil, não de França. e num falo de falta de organização, mas de burburinho, de agitação, de sei lá... alguma coisa contagiante. o filme era Dzi Croquete, um documentário sobre um grupo de dançarinos travestis que causaram o maior furdunço aqui na Europa nos anos 70. a exibição foi um baile pra ninguém botar defeito. só faltava apagar a tela do cinema e começar a festa.

num outro festival de cinema brasileiro, esse em Barcelona mesmo, chegou o baião de Humberto Teixeira, através de "Homem que engarrafava nuvens" e eu tinha que me segurar pra não cair da cadeira. era como se aquela música tivesse o poder de entrar e explodir tudo dentro de mim.

ainda em Barcelona, algumas sextas feiras, eu ia escutar Darlly Maia cantar "sou o mundo, sou Minas Gerais"... e o vulcão entrava outra vez em atividade.

pra finalizar, aqui, em Londres, bem na frente do rio, no miolo da cidade, tá rolando um enorme festival brasileiro e foi aí que eu encontrei Bethânia, Gil, os novos Mutantes e acho que não preciso nem comentar o impacto desses encontros.

dá pra entender o que eu tô dizendo? 
daqui de fora dá pra ver, o Brasil tá explodindo em chamas.
e o que eu tô falando não necessariamente tem haver com as previsões de que esse país do verde e amarelo vai ser uma das grandes potências do futuro.
sinceramente, minha atenção não vai nessa direção.
as chamas que eu sinto queimar, mesmo ainda de longe é a da originalidade da nossa cultura,
da vida que ela pode gerar.
até acho que a gente ainda tem muito pra aprender, mas tenho certeza que a gente tem muito a ensinar,
a ser humano.

e o nosso caminho tá só começando, somos adoslecentes nesse mundo de idosos e o amadurecimento tá vindo, com trabalho duro, suado dessa gente que sabe botar a mão na massa.

deixa eu contá um causo:
logo que cheguei em Barcelona, nas primeiras semanas do curso de espanhol, o professor lançou um tema hipotético: de que no futuro havería um curso superior para ser pai, mãe, avô, etc. e assim se formariam famílias profissionais (ser pai, por exemplo, seria uma profissão). assim, pais que por motivos profissionais não tivessem tempo suficiente para estar com seus filhos, entregariam as crianças a essas famílias e os veriam uma vez por mês apenas. ou seja, as crianças teriam duas famílias, uma de sangue e uma profissional. não me perguntem quais seriam as regras de educação, nada... pra mim tudo isso soa tão esquisito que nem consigo imaginar. o pânico veio quando vieram os comentários e eu percebi que a maioria dos meus colegas de classe concordavam com esta idéia, dizendo que seria uma ótima opção para atingir o sucesso profissional que almejavam. e eu tô falando de gente "culta" que fala 4 línguas, gente que vinha de países super "desenvolvidos" como Suécia, Suíça, Dinamarca, que não precisam se matar de trabalhar pra sobreviver e vem me dizer que não tem tempo pra criar filho? nesse dia, eu mudei totalmente meu conceito de desenvolvimento. pra mim, gente como essa não vai chegar muito longe, pois tá longe de entender o que é a vida. eu sei que não sou dona da verdade, mas peraí né!

e as coisas bonitas Chris?
e tudo aquilo de bom que você viu e viveu?
tá tudo misturado aqui dentro. o bom a gente guarda no coração pra nunca mais esquecer.
o ruim, a gente tem que botar pra fora, pra tentar mudar ou apenas por desabafo.

talvez agora, dessa imensa vontade de ir embora, brote com mais facilidade o lado negro dessa Europa de comidas embaladas, de casas sujas e velhas, de praias de pedra, de intelectuais, universidades e arte dentro de museus e galerias. de gente com medo de gente, e nem é de violência, é medo de encarar mesmo.

eu tento não ser radical,
pois sei que não deveria, nem tudo faz parte da regra.
mas olha se eu não tenho motivo:
eu tô aqui no meu quintal, ta sol e silêncio.
tô sozinha e adoraria dar um bom dia, receber outro, trocar meia dúzia de prosa.
a minha vizinha, acho que não pensa igual. 
nosso quintal é dividido apenas por uma cerca de arame e é inevitável que a gente se veja.
mas parece que ela tem medo do encontro,
desvia o olhar e segue fazendo suas coisas.
pra que tanta solidão?
será que não há um sentido maior em sermos mais de um a habitar o mundo?
se não houvesse, Deus, talvez, tivesse construído um mundo para cada um.
mas não, ele resolveu por todo mundo na mesma panela
e não adianta querer se esconder.
o esconderijo é o sofrimento, é a escuridão.

sei lá, eu que ainda não entendo quase nada desse mundo, sigo caminhando.
e a minha estrada agora é a que leva embora.
quero pular pro outro lado do rio,
deixar pra traz o lado da saudade.



pode colocar a mesa do café que eu tô indo praí te ver,
e tira o som dessa TV pra gente conversar, viu?

segunda-feira, 12 de julho de 2010



"eu não sou daqui, Marinheiro só
eu não tenho amor, Marinheiro só
eu sou da Bahia, Marinheiro só
de São Salvador, Marinheiro só"

Marinheiro só, Caetano Veloso

quinta-feira, 8 de julho de 2010


a casa? tá lá longe.
o menino? não vi mais.
a árvore que a gente subia? acho que ainda tá lá, naquele mesmo caminho pro rio. a gente é que não sobe nela mais.
os melhores amigos? viraram saudade.
ai, as costas tão doendo, a garganta queimando.
o leite derramado, rapidim se transforma em natureza morta.
eu já vô, tá?
vô dormi.
amanhã o dia acontece de novo.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

terça-feira, 6 de julho de 2010



"Pergunte pro seu Orixá
O amor só é bom se doer

Vai, vai, vai, vai, amar
Vai, vai, vai, sofrer
Vai, vai, vai, vai, chorar
Vai, vai, vai, dizer"

Canto de Ossanha, Vinícius de Moraes

http://www.youtube.com/watch?v=I7SGgf5vaNc&feature=player_embedded#!

quinta-feira, 1 de julho de 2010



"Porque tanto perderse, tanto buscarse, sin encontrarse..."
frase retirada da trilha sonora do filme Vicky Cristina Barcelona

por ela, eu estive de passagem e foi ela quem não me permitiu ficar, disse que não queria saber de compromisso. a nossa vida juntas foi boa, e o clima de mar me fez muitas vezes perder a hora, sair de chinelo pela rua sem saber pra onde ir. nessas indas e vindas, vieram os encontros. houveram muitos, e apenas alguns conseguiram ultrapassar a superficialidade, mesmo que ela insistisse que no seu terreno eu não criava raízes. agora, à distância, esses encontros são motivo de dor. dor de despedida, de ausência, do medo do que vai vir, de perder o que eu achava que era meu. sigo, e se eu precisar de colo, espero que ela me deixe voltar. nesse instante, solto tudo para que tudo voe e algo desse tudo regresse assim como um sopro, quando eu menos esperar.

por ella, estuve de pasaje y fue ella que no me dejó quedarme. dijo que no quería compromiso. nuestra vida juntas fue buena. el clima de mar me hizo muchas veces perder la hora, salir de chanclas por la calle sin saber adonde ir. en estas idas y venidas, surgieron los encuentros. hubieran muchos pero apenas algunos traspasaran la superficialidad, aunque ella me dejaba siempre claro que en su terreno no se crea raíces. ahora, a distancia, estos encuentros son motivos de dolor, dolor de despedida, de ausencia, de miedo de lo que va a venir, de perder lo que yo pensaba ya ser mío. sigo, y si necesitar amparo, espero que ella me deje volver. en este instante, dejo todo suelto, para que todo vuele y algo de este todo vuelva, como un soplo, cuando yo menos espere.

terça-feira, 29 de junho de 2010



Era más blanda que el agua,
que el agua blanda,
era más fresca que el río,
naranjo en flor.
Y en esa calle de estío,
calle perdida,
dejó un pedazo de vida
y se marchó...

Primero hay que saber sufrir,
después amar, después partir
y al fin andar sin pensamiento...

Naranjo en Flor, Homero Expósito


"As coisas obedecem ao sopro vital. Se nasce para gozar e gozar já é nascer. Enquanto a mim, nada sei. O que tenho, me entra pela pele e me faz atuar sensualmente. Não quero sacrificar o dia de hoje pelo dia de amanhã. Estou um pouco assustada. Não sei aonde me levará esta alegria solta como um cavalo. Quisera tirar uma foto neste instante. Hoje é terça e esta terça está cheia do mais puro ar e da mais pura felicidade. Cada minuto que pasa é um milagre que não se repete."

“Las cosas obedecen al soplo vital. Se nace para gozar. Y gozar ya es nacer. En cuanto a mí nada sé. Lo que tengo me entra por la piel y me hace actuar sensualmente. No quiero sacrificar mi día de hoy por el de mañana. Estoy un poco asustada. No sé adónde me llevará esta alegría suelta como un caballo. Quisiera sacarle una foto a este instante. Hoy es Martes y este Martes está hecho del más puro aire y la más pura felicidad. Cada minuto que pasa es un milagro que no se repite.”

Um sopro de vida, Clarice Lispector

domingo, 27 de junho de 2010



não precisa medo não,
não precisa da timidez,
todo dia é dia de viver.

Para Lennon e McCartney, Milton Nascimento



"Não é culpa minha que os acontecimentos às vezes me vêm a memória fora da ordem em que se produziram. É como, a exemplo da correspondência do doutor Blaubaum, algumas lembranças ainda me chegassem de navio, e outras já pelo correio aéreo."

"Leite derramado, Chico Buarque"

sexta-feira, 25 de junho de 2010



"o destino é um mar onde eu vou me desfazer, contente a deslizar na correnteza do viver"
Bubuia, Céu

quinta-feira, 24 de junho de 2010



"São tantas as minhas lembranças, e lembranças de lembranças de lembranças, que já não sei em qual camada da memória eu tava agora."

Leite Derramado, Chico Buarque


eu dormia de noite e ele de dia. se encontrava um pouco atordoado com a mudança de horários. assim, passei horas na sua companhia calada, inocente, de olhos fechados e corpo encolhido, como se pedisse abrigo. ele mais parecia aquela criança que antes de comer qualquer coisa, perguntava se tinha leite. era alérgico a quase tudo nos primeiros anos de vida. quando se foi, deu nó no peito deixar o menino ir sozinho, e me lembro que ele já é um homem apesar de ser também meu irmão pequeno.

yo dormía de noche y él de día. se encontraba un poco aturdido con el cambio de horarios. así, pasé horas en su compañía callada, inocente, de ojos cerrados y cuerpo encogido. como si pediera amparo. ele mas parecía aquel niño que antes de comer cualquier cosa, preguntaba si tenía leche. tenía una alergia muy fuerte en los primeros años de vida. al dejar este niño irse solo, se hizo un nudo en mi pecho. y entonces, me acuerdo que el es un hombre aunque sea mi hermano pequeño.



Como todos nós, a nossa vida e o desenrolar da nossa vida, o tédio do cotidiano e das coisas óbvias do cotidiano, acordar, dormir , trabalhar, comer, amar, ouvir, perdoar, fazer compras, sempre em segurança, sempre tudo tão suave e lento e triste, a vida que tão fragilmente construímos, a vida comum, a vida possível de ser vivida, mas junto com isso, sempre uma sombra, esse desequilíbrio, essa possibilidade. O caos está sempre à nossa espreita, a qualquer instante, porque somos nós que o carregamos, sempre a espera, a esperança secreta de que algo finalmente aconteça, que algo aconteça e nos impulsione, em direção a quê?, ao que ansiávamos, ao que temíamos, o que nunca tivemos coragem de pronunciar."

Flores Azuis, Carola Saavedra